A Psicopedagogia tem crescido muito nos últimos anos. A sociedade tem percebido e reconhecido, cada dia mais, a importância desse profissional no mercado de trabalho e de sua atuação sobre os problemas de aprendizagem.
Nos cursos de formação, tanto em nível de graduação e/ou de especialização, os psicopedagogos aprendem sobre a práxis: quais são os passos do diagnóstico, como estabelecer vínculo com o paciente, como elaborar a anamnese, como aplicar e a analisar testes específicos, entre tantos outros aspectos importantes que envolvem a atividade prática. Nesse percurso de formação, os profissionais também aprendem como intervir psicopedagogicamente para que seus pacientes melhorem e consigam superar suas dificuldades de aprendizagem.
Porém, o que tenho sentido, enquanto psicopedagoga e professora universitária da área, é que muitos psicopedagogos se sentem inseguros para iniciar suas carreiras, principalmente porque, muitas vezes, acreditam que não vão conseguir ajudar o paciente a superar suas dificuldades de aprendizado no momento da intervenção. Sabemos que esse momento é muito difícil, pois não há uma orientação específica sobre o que fazer em cada situação com o paciente, diferentemente do diagnóstico, que é mais objetivo. Não que o diagnóstico seja mais fácil, porém há manuais e guias que ajudam na prática do atendimento clínico ou institucional no momento de sua realização.
Os meus alunos muitas vezes me perguntam: “Professora, não tem nenhum livro que explique o que eu tenho que fazer na intervenção com o meu paciente para ajudá-lo?”, ou até mesmo “Não tem nenhum material ou um livro que explique como agir em cada caso, passo a passo?”. Explico que Intervenção Psicopedagógica não funciona como um livro de receitas, em que procuro no índice o problema do paciente e há a solução descrita detalhadamente. Por exemplo, “Criança agitada que não realiza as atividades”.
É sabido também que a intervenção psicopedagógica não pode ser reduzida somente a atividades práticas, pois está além da atividade. Às vezes, um olhar de afeto e de carinho do psicopedagogo ao paciente pode ser um gatilho para o início da transformação daquele sujeito. O vínculo estabelecido entre terapeuta-paciente é mais importante que aquilo que será feito durante as sessões; por isso, criar o vínculo deve ser sempre o ponto de partida para o processo interventivo.
Cada paciente terá uma demanda específica, e para suprir as necessidades de cada um, um plano de intervenção deverá ser traçado sempre levando em consideração os aspectos emocionais, cognitivos, sociais e biológicos do sujeito. Não há um manual interventivo no qual os profissionais possam se apoiar totalmente para que tenham êxito em seus trabalhos de intervenção; porém, há alguns instrumentos e estratégias que podem auxiliá-los em sua atuação interventiva e que podem trazer embasamento para o desenvolvimento de atividades para o tratamento do paciente.
Quando se trabalha com ser humano, não é possível fazer um prognóstico exato sobre o que vai acontecer ao longo da intervenção, pois cada sujeito reage de forma variada aos estímulos que recebe. Portanto, a intervenção é um caminho que deve ser trilhado juntamente com o paciente.
De forma geral, essa obra tem como propósito principal auxiliar o trabalho dos profissionais da área psicopedagógica, proporcionando-lhes maior instrumentalização para a atuação interventiva com crianças, adolescentes, jovens e adultos que apresentem dificuldades de aprendizagem, no âmbito tanto clínico quanto institucional.
Desse modo, este livro traz sugestões de atividades que podem ser aplicadas, em consultórios / instituições, a pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, e serve como base para que o profissional possa criar, posteriormente, novas atividades de acordo com as necessidades de seus pacientes.
Para que haja compreensão das atividades de intervenção que serão propostas neste livro, é de extrema importância que o profissional leitor conheça todo o processo de aprendizagem, as dificuldades que permeiam esse processo e as perturbações que afetam o processo de aprender. Esses temas serão abordados juntamente com as atividades práticas. Serão divididos em cinco partes por questões didáticas, para facilitar a compreensão e a utilização desta obra como um todo, e estão detalhados a seguir.
Nessa parte do livro será explicado como ocorre o processo de aprendizagem, o que é modalidade de aprendizagem e quando pode ser considerada patológica. Ainda serão explicados os tipos de modalidades de aprendizagem consideradas patológicas e as características associadas a cada uma delas.
Nessa parte do livro será introduzido o processo de Intervenção Psicopedagógica e será explicado como intervir em cada modalidade de aprendizagem considerada patológica.
Essa parte do livro consistirá em atividades práticas, que virão acompanhadas de exemplos e modelos. As atividades estarão divididas de acordo com as necessidades a serem trabalhadas em cada modalidade de aprendizagem considerada patológica.
Essa última parte do livro consistirá da explanação do processo de intervenção psicopedagógica de um caso clínico, com o propósito de trazer ao profissional leitor uma compreensão de como utilizar as atividades propostas neste livro em um percurso terapêutico.
Esse material acompanha este livro e consiste em atividades para serem realizadas com os pacientes. Para cada modalidade de aprendizagem considerada patológica, haverá um conjunto específico de atividades que respeitará o que deve ser trabalhado em cada tipo de modalidade. Maiores informações sobre o caderno de atividades do paciente se encontram no anexo deste livro.