Este livro apresenta casos em diferentes temáticas sob o enfoque da terapia cognitivo-comportamental (TCC). Os capítulos trazem, de forma clara e didática, quais intervenções é possível fazer para cada psicopatologia abordada, a fim de instrumentalizar o leitor a utilizar recursos e técnicas em sua atuação clínica. As situações abordadas incluem casos de raiva, terapia de casais, obesidade, ansiedade de desempenho, depressão, relacionamentos abusivos, transtorno de pânico e transtorno de personalidade histriônica, entre outros. Por meio de práticas e pesquisas que respaldem fazeres na área, espera-se que o clínico possa efetuar orientações em relação ao desenvolvimento psicológico da pessoa em atendimento.
Conflitos tendem a fazer parte dos relacionamentos afetivos-sexuais e que os problemas de relacionamento conjugais tendem a estar presentes em quase metade dos processos psicoterapêuticos, seja como demanda direta ou indireta. Nessa perspectiva, a TCC com casais ascende como uma linha de intervenção na promoção da saúde e da satisfação com o relacionamento. Assim, se enaltece a importância de se trabalhar na clínica com casais tendo a comunicação e as demais classes de habilidades sociais conjugais como pilares significativos para os relacionamentos saudáveis, em que o saber falar, o escutar, a expressão emocional, a empatia, a flexibilidade, a assertividade e o automonitoramento atuam como ingredientes ativos e indispensáveis para os níveis de satisfação conjugal entre os parceiros.
Este capítulo parte da ótica da terapia racional-emotiva comportamental (TREC) sobre uma forma de intervenção com pacientes ansiosos. A partir da mudança das crenças irracionais, por alternativas reais a pessoa consegue enfrentar as situações de ameaça, sem pânico e com isso generalizar essa aprendizagem para outras situações de sua vida envolvendo o pânico ou outra temática.
Aborda-se que nos pacientes com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva (TPOC) existe uma vulnerabilidade à apreciação negativa da sua imagem feita pelos outros — essa possibilidade causa grande sofrimento. Além disso, adotam uma forma de funcionar inflexível e excessivamente perfeccionista, em que não há espaço para o equívoco ou para a fragilidade. Assim, faz-se de tudo para evitar críticas e avaliações negativas. Raramente são considerados irresponsáveis ou inconsequentes, mas caso isso porventura ocorra, há uma indignação considerável, juntamente com uma não aceitação desse papel. Formas de intervenção da TCC são apresentadas para nortear o manejo desses pacientes, através de um plano de trabalho em que se utilizou importantes recursos técnicos da TCC.
Este capítulo parte da ótica da terapia racional-emotiva comportamental (TREC) sobre uma forma de intervenção com pacientes ansiosos. A partir da mudança das crenças irracionais, por alternativas reais a pessoa consegue enfrentar as situações de ameaça, sem pânico e com isso generalizar essa aprendizagem para outras situações de sua vida envolvendo o pânico ou outra temática.
A autora deste traz um caso clínico no qual o modelo cognitivo propõe três conceitos para explicar a depressão: a tríade cognitiva, os esquemas cognitivos disfuncionais e as distorções cognitivas. A tríade cognitiva é quando o paciente apresenta suas crenças centrais (de si, do mundo e do futuro) de forma negativa; os esquemas cognitivos dizem respeito como o indivíduo interpreta as situações adequando-as às suas vivências e designando padrões estáveis que categorizam suas experiências; e já as distorções cognitivas são os erros que ocorrem no processamento das informações, em que se adapta a realidade aos esquemas negativistas, sendo que, dessa forma, o sujeito reforça sua crença dos conceitos depressivos.
Aborda-se ser válido considerar que os pacientes que experimentam a ansiedade acreditam que estão sendo ameaçados por algum tipo de dano, físico ou social, ou seja, a interpretação de uma situação ou estímulo como um sinal de ameaça pessoal é essencial para a experiência dessa emoção. Desse modo, a autora pontua técnicas cognitivo-comportamentais utilizadas para ajudar a paciente a enfrentar com segurança as situações sociais em que se sentia avaliada, refletindo uma diminuição bem importante em sua ansiedade de desempenho.
Este capítulo remonta ao passo a passo de uma intervenção com base na TREC em um caso de ataques de raiva em situações cotidianas. Aponta ainda que a raiva pode ser vista como um componente central de muitas disfunções. Enquanto a raiva é uma emoção normal, sua natureza tende a ser mal entendida perpetuando a disfunção interpessoal promovida pela própria raiva.
Explica-se como as transformações no mundo do trabalho têm repercutido, de forma direta, na concepção e organização das carreiras e na estabilidade do percurso profissional. O contexto laboral, cada vez mais mutável, apresenta diminuição do número de empregos, introdução de novas tecnologias e várias modificações econômicas. Nesse contexto, o coaching é uma prática de treinamento que tem como objetivo o desenvolvimento dos indivíduos de forma a explorar as competências e motivações pessoais em busca de uma prática profissional eficaz. Apesar das semelhanças entre os objetos de estudo, há diferenças significativas entre as TCCs e o processo de coaching, e o Capítulo 8 se propõe a esclarecer e instrumentalizar o psicólogo na melhor prática a ser seguida.
Neste é mostrado o resumo das oito semanas do MBCT, bem como as práticas diárias subsequentes a cada sessão que mostram que o mindfulness não só previne a depressão, como afeta positivamente os padrões cerebrais responsáveis pela ansiedade e pelo estresse, fazendo que uma vez instalada, essa condição se dissolva com maior facilidade. A autora ressalta que sempre é necessário uma boa conceitualização do caso, para verificar a indicação ou não dessas práticas.
Os autores abordam como os relacionamentos abusivos são comuns e com frequência compartilham características com o caso descrito no capítulo. Assim como na música de The Police, as pessoas são vigiadas e tratadas como propriedade do outro. Em muitos casos são pressionadas a limitarem suas atividades, suas amizades e a fazerem do parceiro(a) o centro ao redor do qual gravitam, e sem o qual não veem possibilidade de realização pessoal. Por outro lado, almeja-se um relacionamento com respeito às diferenças e à manutenção da individualidade, como sugere a canção do Rush, um relacionamento com apoio, valorização, afeto, respeito e projetos que tragam realização pessoal e conjunta (reforço positivo) se mantém pelo que é, e não porque a alternativa é assustadora. Love is blind if you are gentle.
Pontua-se que apesar das descrições relativamente consistentes do paciente histriônico na literatura psiquiátrica, entre todos os transtornos da personalidade, é aquele para o qual foi dedicada a menor quantidade de pesquisas. Nenhum estudo do resultado de TCC para TPH foi encontrado, o que dificulta a fundamentação desses casos. Uma das crenças básicas dos indivíduos com TPH é que são inadequados sozinhos e, por isso, necessitam dos outros para sobreviver. Essa pode ser uma crença saudável, uma vez que construir relacionamentos faz parte do processo evolucionário humano para prevenir o isolamento. No entanto, acreditam que atenção constante e aprovação são essenciais para sua sobrevivência, e buscam a aprovação dos outros em tudo que fazem. O caso tra¬zido mostra a importância das análises funcionais para entender a razão de seus comportamentos e desenvolver novo repertório.
Apresentação
Gisele Bagatini
Prefácio
Camilla Volpato Broering
1 Contribuições do diagrama de conceitualização cognitiva para casais na compreensão da interação conjugal
Raquel Rodrigues do Carmo e Bruno Luiz Avelino Cardoso
2 Transtorno de pânico: um caso clínico pela abordagem da terapia racional-emotiva comportamental
Tátila Martins Lopes
3 “Estou cansado de me autorreprovar”: um estudo de caso de um paciente com transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva
Vera Baumgarten Ulysséa Baião
4 Intervenção psicológica em caso depressivo: técnicas cognitivo-comportamentais e superação
Flávia Kruscinsk dos Anjos Decarli
5 Aspectos psicológicos da obesidade: um estudo de caso
Taísa da Silva Cassol
6 Ansiedade de desempenho: o medo da avaliação
Gisele Bagatini
7 Ataques de raiva: um estudo de caso
Aretusa dos Passos Baechtold
8 A terapia cognitivo-comportamental e o coaching como estratégias de intervenção: qual e quando utilizar?
Bárbara Maria Barbosa Silva, Júlia Gonçalves e Luciane Benvegnú Piccoloto
9 Programa de 8 semanas de terapia cognitiva baseada em mindfulness aplicado a um caso de depressão e ansiedade grave
Francieli Hennig
10 Manejo terapêutico em um caso de relacionamento abusivo: saindo de uma canção do The Police para uma canção do Rush
Juan Pablo Rubino e Neuraci Gonçalves de Araújo
11 Transtorno de personalidade histriônica: um estudo de caso comportamental
Camilla Volpato Broering