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Mindfulness e Insônia

Mindfulness tem sido definida como a qualidade de estar intencionalmente atento à experiência do momento presente, discriminando os estímulos internos e externos, com uma atitude de aceitação e não julgamento. Atento ao aqui e agora e consciente da mudança constante e da impermanência dos estímulos, o praticante limita-se à observação dos eventos (pensamentos, emoções, sensações físicas) que surgem em sua consciência e os deixa ir embora, sem julgamento, reflexão ou desejo de que as coisas sejam diferentes.

Mindfulness tem raiz nas tradições contemplativas orientais e a prática da meditação é considerada o principal método para o seu desenvolvimento. No entanto, sem qualquer ligação com tradições religiosas, suas características-chave têm sido incorporadas em protocolos de intervenção clínica para uma variedade de condições, entre elas a depressão, a ansiedade, o abuso de substâncias e a dor crônica.

Recentemente, a sua aplicabilidade na insônia tem despertado interesse. A insônia é um problema de saúde comum, que pode ter significativas consequências nos domínios emocionais, físicos e sociais se não tratada.

Os modelos psicológicos propostos para a insônia consideram a experiência do aumento do alerta cognitivo (mente acelerada), emocional (emoções negativas, ansiedade) e fisiológico (tensão corporal, alerta autonômico) como o ponto central do desenvolvimento e da manutenção do distúrbio do sono.

Os processos exercem influência mútua: os processos de interferência com o sono (alerta fisiológico, cognitivo e emocional) contribuem para fortalecer os processos cognitivos de interpretação do sono (vieses de atenção; ruminação sobre as causas e consequências de noites mal dormidas; crenças disfuncionais sobre o sono) e vice-versa. Lundh e Broman (2010) propõem que, em relação aos processos de interpretação, o mindfulness poderia ter um papel no desenvolvimento de maneiras mais funcionais de valorizar e interpretar o sono e a vigília. A observação mindful (consciente) dos processos pré-sono levaria à compreensão e aceitação de que a qualidade do sono flutua em função de muitos fatores externos e internos, e que adormecer não está sob controle voluntário.

Os benefícios do mindfulness se dariam, então, por meio da criação de novas oportunidades para aprendizagem sobre o sono e sobre as contingências com que ele acontece. Em relação aos processos de interferência com o sono, a prática mindfulness de observação livre de julgamento dos processos fisiológicos e psicológicos seria uma maneira efetiva de treinar a habilidade de desativação cognitiva e emocional que facilitaria o sono.

Uma das instruções dadas a pessoas que estejam atravessando períodos de insônia inclui levantar-se da cama e envolver-se numa atividade calma caso não consiga dormir num intervalo específico de tempo. Tal instrução é consistente com o princípio mindfulness de “deixar ir” referindo-se no caso à necessidade de permanecer na cama para que o sono aconteça, aceitando que o sono pode não acontecer em breve, que não se trata de um ato voluntário, e que seria melhor envolver-se em outra atividade sem buscar “forçar” o sono.

O mindfulness difere da terapia cognitiva na medida em que esta objetiva mudar os pensamentos disfuncionais que estariam na base dos comportamentos mal adaptativos. Mindfulness, por sua vez, tem a perspectiva de levar o indivíduo a mudar sua relação com os pensamentos, sensações e emoções, sem a pretensão de alterar seu conteúdo, aceitando o que ocorre. Por meio da meditação mindfulness, o indivíduo alcançaria maior capacidade de autorregulação e flexibilidade cognitiva e emocional, o que o auxiliaria a reduzir seus comportamentos de esquiva ou suas tentativas de controlar e eliminar pensamentos, sensações ou emoções com conotação aversiva. Nesse contexto, a meditação mindfulness traria a oportunidade de surgimento de novos comportamentos adaptativos.

 

Quer saber mais sobre mindfulness e insônia? Há um capítulo inteiro sobre o tema no livro “Neuropsicologia do sono: aspectos teóricos e clínicos”! Saiba mais aqui. 

 

Texto retirado e adaptado de “Neuropsicologia do sono: aspectos teóricos e clínicos”, da Coleção Neuropsicologia na Prática Clínica, de Katie Almondes.

 

Fonte: http://www.pearsonclinical.com.br/blog/2018/educacao/comportamento/mindfulness-e-insonia/

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